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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Obras

A sua obra de ficção mais famosa é o romance autobiográfico Sinais de Fogo, adaptado ao cinema em 1995 por Luís Filipe Rocha.

Aqui estão algumas das suas mais famosas obras:
Perseguição (1941)
Coroa da Terra (1947)
Pedra Filosofal (1950)
As Evidências (1955)
Fidelidade (1958)
Metamorfoses (1963)
Arte de Música (1968)
Peregrinatio ad Loca Infecta (1969)
Exorcismos (1972)
Conheço o Sal e Outros Poemas (1974)
Poesia I (1977)
Poesia II (1978)
Poesia III (1978)
Visão Perpétua (1982, postumo)
Dedicácias (1999, postumo)

Biografia

Jorge de Sena possui uma grande história de vida, aqui exponho uma pequena biografia de Jorge de Cena que achei interessante:
Jorge Cândido de Sena nasceu em 2 de Novembro de 1919 em Lisboa. Terminou em 1936 o seu curso de liceu (média de 13 no 5º e 6º anos, média de 14 no 7º ano), ano em que se inscreveu nos preparatórios para a escola naval . Formou-se em engenharia civil na faculdade de engenharia do Porto (licenciou-se com 13 valores).

Até 1959 foi funcionário da Junta Autónoma de Estradas, data em que se exila no Brasil, onde conclui o doutoramento em letras e rege as cadeiras de teoria da literatura e literatura portuguesa na Universidade de Araquara.

A partir de 1965 passa a viver nos E.U.A. acompanhado da esposa Mécia de Sena, de quem teve 9 filhos, sendo professor catedrático na Universidade de Winsconsin e, posteriormente na Universidade da Califórnia - Sta. Bárbara, onde dirigiu o departamento de literatura portuguesa e espanhola. Recebeu ao longo da sua vida vários prémios, entre eles a Grã-Cruz de Santiago.

Faleceu em 4 de Junho de 1978. Três dias depois, a Assembleia da República exprimia pesar unânime, certamente partilhado por todos os que tiveram a honra de o conhecer a si ou à sua obra.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Poema - Café cheio de militares em Luanda

O jovem Don Juan de braço ao peito
(por um dedo entrapado)
debruça as barbas para a mesa ao lado
numa insistência pública de macho
que teima em conversar a rapariga
(no dedo aliança, azul em torno dos olhos)
a escrever cartas e a enxotá-lo em fúria.

Um outro chega e senta-se de longe.
Cara rapada, pêlo curto, ombros erguidos,
é dos que o queixo pousam sobre as mãos,
e de entre o fumo lento do cigarro,
dardejam olhar fito para a presa
- é dele, é dele, os olhos dizem tesos.
Numa outra mesa, três outras fardas miram
de esguelha, enquanto falam vagamente atentos,
e os olhos ínvios de soslaio despem
a pouca roupa da que escreve à mesa.

Feito já seu papel para que conste,
oh ares de cavalão... outras à espera...
o Don Juan comenta pró criado a vítima,
saída num repente. Riem-se ambos.

Quando ela se ia embora, dois empatas
entraram e sentaram-se na mesa
do que ficara olhando o espaço aberto
pela partida dela. Conversam que ele não ouve.

Gingando a barba mais o braço ao peito,
vai-se o vencido (pagará uma puta,
para amanhã contar como dormiu com esta).

Os outros três, mais tarde, em casa, na retrete,
vão masturbar-se a pensar nela (e voltarão
amanhã ao café para contarem
de uma grande conquista que fizeram todos).

E aquele que – quem sabe – era a quem ela
acaso se daria (ou será que ele
é dos que só penetra com o olhar suspenso?)
foi quem não teve nada. Olhou demais,
e não saiu a tempo de escapar
à companhia idiota dos seus dois amigos.